Flora
Lírio-do-gerês Iris boissieri (® AJBarros)| Martagão Lilium martagon (® AJBarros) | Azevinho Ilex aquifolium (® Cristina Girão Vieira).
O coberto vegetal das serras do Gerês, Amarela, Peneda e Soajo e dos planaltos da Mourela e Castro Laboreiro é dominado por:
- carvalhais;
- formações arbustivas;
- lameiros; e
- vegetação ripícola.
Carvalhais
Com grande expressão na área, os carvalhais ocupam parte dos vales dos rios Ramiscal, Peneda, Gerês e Beredo. Albergam inúmeras riquezas do património florístico e estiveram na base do estabelecimento da Aliança Quercion occidentale, por Braun-Blanquet, Pinto da Silva & Rozeira (1956). Esta é dominada por carvalho-negral Quercus pyrenaica e por carvalho-alvarinho Quercus robur. Na área do Parque Nacional da Peneda-Gerês, esta Aliança engloba duas associações, descritas pelos mesmos autores, nomeadamente:
- a Rusceto-Quercetum roboris, que ocorre em altitudes mais baixas e em vertentes mais expostas ao sol, onde se destacam, pela abundância, o carvalho-alvarinho, o sobreiro Quercus suber, a gilbardeira Ruscus aculeatus, o padreiro Acer pseudoplatanus e o azereiro Prunus lusitanica ssp. lusitanica; e
- a Myrtilleto-Quercetum roboris, de características mais atlânticas, onde dominam o carvalho-alvarinho e o carvalho-negral Quercus pyrenaica, acompanhados pelo arando Vaccinum myrtillus, o medronheiro Arbutus unedo e o azevinho Ilex aquifolium (também conhecido como azevinheiro ou pica-folha).
Em altitudes superiores verifica-se a presença de manchas florestais dominadas por carvalho-negral Quercus pyrenaica atribuíveis, possivelmente, a Holco-Quercetum pyrenaica Br.-Bl., Pinto da Silva e Rozeira (1956), integrável, de acordo com Rivas-Martínez, na Aliança Quercion robori-petraea Tx. 1937.
Carvalhal no inverno, com líquenes nos troncos | Azereiro Prunus lusitanica(® AJBarros).
Matos
Os matos dominantes são os:
- tojais - caracterizados pela presença de Ulex minor e Ulex europaeus;
- urzais - dominados por Erica umbellata e Calluna vulgaris;
- matos de altitude - com a presença de zimbro-rasteiro Juniperus communis ssp. alpina e Erica australis ssp. aragonensis; e
- matos higrófilos - compostos por Erica tetralix e E. ciliaris (duas urzes), U. minor (um tojo), orvalhinha Drosera rotundifolia, pinguícola Pinguicula lusitanica, Viola palustris ssp. juressi e a gramínea Molinia caerulea, entre outras.
Matos em flor, com tojais a amarelo e urzais a rosa | Orvalhinha Drosera rotundifolia (® AJBarros).
Lameiros
Os lameiros ou prados de lima são prados seminaturais que apresentam composição variável consoante o teor de humidade no solo cuja vegetação se insere na Classe Molinio-Arrhenatherea Tx. 1937.
Das 627 espécies referidas para a área existem algumas que são alvo de maior pressão pelo seu interesse medicinal, nomeadamente o androsemo Hypericum androsaemum, a betónica-bastarda Melittis melissophyllum e a uva-do-monte Vaccinium myrtillus.
Também o lírio-do-gerês Iris boissieri tem sofrido uma colheita indiscriminada o que coloca em causa a sobrevivência da espécie. Esta planta bolbosa é um endemismo ibérico i.e. apenas existe na Península Ibérica. Surge em solos pedregosos e em fendas de rochas, sendo muito comum nos matos de altitude da serra do Gerês. As suas atrativas flores de cor violeta e amarela, contrastam com as cores agrestes do seu habitat.
Vegetação ripícola
A vegetação ribeirinha merece destaque, não só pela componente florística mas também pelo importante papel que desempenha na estabilização das margens dos cursos de água, onde a elevada velocidade da água está associada a forte poder erosivo. Nos cursos de água ocorrem várias plantas consideradas como merecedoras de especial proteção, tais como o feto-do-botão Woodwardia radicans, o salgueiro Salix repens, o bidoeiro, vidoeiro ou bétula Betula pubescens, a Spiraea hypericifolia ssp. abovata, a Circaea lusitanica e a angélica Angelica laevis.
Vidoal, i.e. local com vidoeiros | Feto-do-botão Woodwardia radicans (® AJBarros).